segunda-feira, 13 de maio de 2013

Ciganos: últimos a contratar, primeiros a despedir



10 agosto 2009FINANCIAL TIMES LONDRES
Jovens romenos em Lipany, Eslováquia (AFP).
A crise económica não atinge todas as comunidades da mesma forma. Os ciganos pagam uma factura mais pesada num momento em que se acumulam sinais de hostilidade e violência contra eles
Jan Cienski e Thomas Escritt
Dionyz Sahi escapou ao desemprego e ao pior subúrbio de Kosice, a segunda cidade mais importante da Eslováquia, graças ao programa de contratação de membros da minoria cigana da US Steel. Mas a porta de saída que o afastou da pobreza encontra-se actualmente fechada devido à crise económica mundial.
"Deixámos de contratar e agora estamos a reduzir os efectivos", afirma George Babcoke, presidente da US Steel Kosice, uma filial do grupo norte-americano que é o maior investidor na zona leste da Eslováquia. A depressão económica atingiu com particular violência cerca de 8 milhões de ciganos na Europa, geralmente considerados a população economicamente mais vulnerável do continente. Há muito que os ciganos têm dificuldade em arranjar emprego na economia formal e contam-se entre os primeiros a ficar desempregados em períodos de crise. "Os ciganos são os últimos a ser contratados e os primeiros a ser despedidos", sublinha Rob Kushen, director-geral de Centro Europeu pelos Direitos do Povo Cigano (ERRC), à Budapest.

Salário cai de 650 para 130 euros
Este ano, a fábrica vizinha da Whirlpool viu-se obrigada a despedir trabalhadores devido à quebra repentina de encomendas de máquinas de lavar. Alguns dos seus desempregados vivem nesta aldeia. Mirko é cigano e diz que o seu rendimento mensal baixou de 650 para 130 euros – o montante correspondente ao subsídio social do Estado. "Agora comemos de uma maneira diferente. Carne e fruta pertencem ao passado", afirma. "As pessoas invejavam-me quando eu tinha emprego, mas agora nem temos dinheiro para comprar roupa em segunda mão."
Um outro antigo trabalhador da Whirlpool diz que tem corrido o país à procura de emprego. "Candidatei-me a um emprego em Bratislava, mas disseram-me: 'Se é cigano, escusa de vir’", afirma. À medida que a crise se instala, os ciganos têm mais dificuldade em arranjar um emprego porque os empregadores são mais selectivos do que eram há um ou dois anos, em pleno florescimento económico. Na Hungria, onde a crise económica veio exacerbar o problema da desindustrialização na zona pobre do nordeste do país, o desemprego passou a ser um problema particularmente grave para os ciganos. Fortemente atingidos pela pior recessão desde a transição do comunismo para a economia de mercado, os húngaros voltam-se cada vez mais para o Jobbik, um partido da extrema-direita que culpa os ciganos pelos crescentes índices de criminalidade. Nestes últimos meses, registaram-se numerosos ataques a acampamentos ciganos e inclusivamente vários homicídios.

Os ciganos e os seus alojamentos



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